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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Da Honestidade

Normalmente quando estou dirigindo faço duas coisas muito bem: xingo os motoristas loucos e penso muito.
Estava indo trabalhar hoje pela manhã, lembrando de uma conversa que tive com meu pai mais ou menos um ano atrás no carro dele quando íamos para carpina num feriado.
Falávamos sobre alguém que se torna rico sendo desonesto, sonegando impostos, não respeitando os direitos de seus funcionários, etc.
Enquanto eu pensava isso, um carro passou voando para a minha faixa e ficou na minha frente. Dei uma pausa nos meus pensamentos, xinguei até a 37 geração dele e voltei a lembrar da conversa com o meu pai.
Ia cruzar um sinal quando ficou amarelo e só o palhaço que havia me cortado passou e eu fiquei. Enquanto xingava as gerações seguintes à 37 do referido cidadão, um menino magrinho com seus 18 anos deixou uma sacolinha pendurada no meu retrovisor com : uma flanela, uma caneta, um bombom e um bilhetinho.
Eu sei que isso é muito comum nas ruas do Recife e eu mesma já ignorei várias vezes essas pessoas, mas na hora eu comecei a perceber a total relação que aquele gesto do menino tinha com a conversa do meu pai.



Se assaltos são comuns na cidade, alguém que se dá ao trabalho de ir comprar flanela em grande quantidade, cortar em pedaços, comprar o saco plástico, comprar canetas, e bombom e montar um "kit" para vender ao invés de roubar, é alguém que merece no mínimo o meu respeito.
E quando eu fui pagar ele disse: A vermelha é um pouquinho maior do que a flanela amarela.

Não há nada mais valoroso em alguém do que o caráter, e ele pode ser percebido nas pequenas coisas.
Existem os pobres que buscam crescer na malandragem, fazendo mal aos outros, mas existem aqueles que preferem conquistar cada centavo justamente, dignamente.
Existem os ricos que procuram ser justos e honestos, mas também existem muitos que crescem usando artificios questionáveis.

Eu acredito que àqueles que buscam a satisfação financeira honestamente constroem uma base sólida, e trazem para sí não só dinheiro mas o respeito e admiração dos que estão ao redor.
O dinheiro construído em cima do nada é vazio, e traz com ele pessoas e atitudes vazias, sendo facilmente destruído e junto com ele a desmoralização diante da sociedade.

Eu gosto de momentos como o de hoje. Me fazem crer que o mundo não está totalmente perdido e que vale a pena ser diferente.
Boa tarde :)

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