Do Programa de Índio

Hoje tava aqui viajando com meus botões quando comecei a lembrar dos programas de índio que já fiz. Um foi bem especial...

Acho que uns dois ou 3 anos atrás minha amiga e cabra Vanessa (não tem nem como teu nome não ser frequente aqui fia...uns quase 20 anos de amizade dá nisso! hahahaah)me ligou empolgadíssima :

Nessa : Paaaaty, vai ter uma peça hoje a tarde sobre as as poesias de Vinícius de Moraes, parece ser massa!! é no teatro ( aquele perto da Blue Angel).
Paty : Er...Er..Crí!
Nessa safada se aproveitando da bondade, ingenuidade e incapacidade de Paty dizer nao a uma cara ou voz de cachorro pidão: Bora, boooora vai ser massa!!!!
Paty : Bora. ( e pensa: me lasquei!)

No meio da tarde do sábado vão lá as duas assistir a tal peça. Ao chegar no Teatro, crianças e pais por todos os lados.
Paty: Tem certeza que é aqui?
Nessa: Tenho! vamos na bilheteria, perguntamos e compramos o ingresso.
Sim, era lá. E o nome da peça era Decripolou Totepou ( Oi? )

Quando entramos na sala, um mar de crianças gritando, brincando e seus pais observando tudo. Já que estávamos lá e já havíamos comprado os ingressos resolvemos ficar, já imaginando que seria O PROGRAMA DE ÍNDIO!!!

Começa a peça. No palco somente um baú e uma personagem com um roupa engraçada, criativa e cheia de cacarecos.
Descobrimos que a peça brincava com poesias de Vinícius de Moraes, Pedro Bandeira,Roseana Murray,  Olavo Bilac, Cecília Meirelles e Marcus Accioly.
Era um texto leve, divertido e que envolvia os espectadores. Era gostoso de assistir e mais ainda a reação das crianças.
Elas ficavam encantadas com cada palavra que a atriz dizia.
O meu momento preferido da peça foi quando a atriz ficou triste por alguma razão e comecou a chorar. Ela tinha duas garrafas ligadas por uma cordinha e que ficavam penduradas em seu pescoço.
Na hora do choro ela pegou as garrafinhas e apertou como se ela, a personagem, tivesse chorando e molhou um pouco as crianças que estavam na primeira fila da platéia. Foi um alvoroço! Todos rindo, se divertindo. Foi lindo. É muito gostoso ver as reações das crianças. Elas são puras, ingênuas e se encantam tão facilmente...

Eu e Vanessa saímos de lá apaixonadas pela peça. Eu assistiria todas as apresentações que tivesse. E o texto não era só para os pequenos não. Sabe aquelas coisas que balançam com a gente? Que nos fazem pensar?

No final das contas, o programa de índio foi um dos momentos mais especiais que eu já viví. e por isso hoje eu vou para lugares que antes detestaria.
O que faz o programa ser de índio ou nao, é nosso humor, disposição, espírito e companhias!

Abaixo vou colocar uma das falas dela na peça:



Vai já pra dentro menino! – Manuel Bandeira

Vai já pra dentro menino!
Vai já pra dentro estudar!
É sempre essa lengalenga
Quando o que eu quero é brincar…

Eu sei que aprendo nos livros,
Eu sei que aprendo no estudo,
Mas o mundo é variado
E eu preciso saber tudo!

Há tempo pra conhecer,
Há tempo pra explorar!
Basta os olhos abrir,
E com o ouvido escutar.

Aprende-se o tempo todo,
Dentro, fora, pelo avesso,
Começando pelo fim
Terminando no começo!

Se eu me fecho lá em casa,
Numa tarde de calor,
Como eu vou ver uma abelha
A catar pólen na flor?

Como eu vou saber da chuva
Se eu nunca me molhar?
Como eu vou sentir o sol,
Se eu nunca me queimar?

Como eu vou saber da terra,
Se eu nunca me sujar?
Como eu vou saber das gentes,
Sem aprender a gostar?

Quero ver com os meus olhos,
Quero a vida até o fundo,
Quero ter barro nos pés,
Eu quero aprender o mundo!


Beijos!

Foto : Raimundo Pajeu